QUARTO ESCURO

Aos 15 anos de idade, momento em que muitos adolescentes estão experimentando o auge dessa etapa do desenvolvimento humano, se ocupando em experimentar novidades e descobertas, Clara Milena enfrentou um período bem tumultuado de sua vida: adoeceu em um processo depressivo.

Assim, tão jovem, entrou em “um quarto escuro”, para usar a metáfora traduzida no título de seu primeiro livro. Para quem não conhece a depressão, é uma doença associada ao entretecimentos de uma pessoa e a perda de prazer para realizar atividades que antes eram prazerosas. É como se “de repente” a pessoa passasse a não encontrar mais sentido nas coisas que fazia. É como se essas coisas já não trouxessem o mesmo contentamento e satisfação de antes.

No popular, a depressão é conhecida como “a doença da alma” justamente porque está relacionada a nossa percepção dos acontecimentos da vida. É como se, num dado momento, a vida ficasse “sem cor”, sem prazer...

E daí seguir adiante se torna um desafio. Seguir para onde, se o caminho conhecido já não é mais desejado? Como toda doença, precisa de tratamento. No caso da depressão em estágio leve a moderado, atendimentos psicológicos podem evitar que a doença se agrave. Nos casos mais graves o uso de medicamento se faz necessário.

Mas entra em cena algo que impacta a vida de milhares de 10 pessoas que adoecem de um transtorno mental: o receio ou a dificuldade de buscar ajuda devido ao preconceito que as pessoas com transtornos mentais sofrem em nossa cultura.